A Tradução da Poesia Completa de Emily Dickinson: Entrevista com Adalberto Müller

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por Marcela Santos Brigida

Qualquer discussão acerca da recepção da poesia de Emily Dickinson no Brasil passa necessariamente por uma análise do longo histórico de traduções de seus poemas para o português. O primeiro tradutor de Dickinson no país foi Manuel Bandeira, que publicou na revista Para Todos traduções para os poemas “I never lost as much but twice,” (Fr39) e “I died for Beauty – but was scarce” (Fr448) em 1928. Desde então, a poeta foi traduzida numerosas vezes por nomes que incluem Cecília Meirelles, Décio Pignatari, Olívia Krähenbühl, Mário Faustino, Paulo Mendes Campos, Ana Cristina Cesar, Aíla de Oliveira Gomes, Isa Mara Lando, José Lira, Augusto de Campos, entre outros. Essas traduções foram fundamentais no sentido de consolidar a presença da poesia de Emily Dickinson no Brasil. No entanto, após um longo período contando exclusivamente com antologias que ofereciam uma seleção restrita da extensa obra da autora, o leitor lusófono enfim contará com uma tradução da poesia completa de Emily Dickinson.

Em meados de 2016, foi anunciado que Adalberto Müller estava trabalhando em um projeto de tradução integral da obra de Dickinson (que conta com quase 1800 poemas) para o português. Embora traduções da poesia completa de Dickinson já estejam disponíveis em idiomas como o alemão e o francês, este é um empreendimento inédito na língua portuguesa. Müller já havia publicado traduções de poemas de Dickinson na Revista CultEscamandro, Revista Zunai e no Suplemento Pernambuco.

Sobre o tradutor

Professor de Teoria da Literatura na Universidade Federal Fluminense, Adalberto Müller é graduado e mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília. Ele possui doutorado em Letras-Francês pela Universidade de São Paulo (2002) e realizou pós-doutorado (PDE-CNPq) na Universidade de Münster, além de Pós-Doutorado Sênior (CAPES) em Yale no programa de Film Studies. Publicou os livros Orson Welles. Banda de um homem só (2015, Editora Azougue) e Trem cinema: contos (2015, 7Letras), além de três livros de poesia e traduções de Francis Ponge e e.e.cmummings. Escreveu e dirigiu o curta-metragem 35mm Wenceslau E A Árvore Do Gramofone. Em 2018 foi Visiting Scholar na University at Buffalo (SUNY), no Department of English, a convite de Cristanne Miller. (adaptado do currículo lattes do pesquisador)

Com o lançamento do primeiro volume da Poesia Completa planejado ainda para este ano, conversamos com o Prof. Adalberto sobre o que podemos esperar. Continue reading

 Além das Palavras (2017): Por que o filme de Terence Davies é tão criticado?

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Em 2012, foi anunciado que Terence Davies (Vozes Distantes, The Long Day Closes) ia dirigir um filme focado na vida de Emily Dickinson. Após um longo período em silêncio, foi publicado em 2015 um artigo no jornal The Guardian anunciando que o projeto estava sendo levado adiante e que a estrela de Sex and the City Cynthia Nixon, estrelaria como Emily e que Jennifer Ehle estrelaria como Vinnie. As filmagens foram iniciadas em maio daquele ano, na Bélgica. Entrevistada, Nixon já demonstrava que o filme seria mais definido por uma leitura particular que Davies fez da vida de Dickinson, do que no conhecimento histórico acerca da vida da poeta, como o trecho abaixo demonstra:

Nixon, mais famosa por ter interpretado Miranda em Sex and the City disse: “Quando eu li o que o Terence escreveu, fui consumida pela personagem que ele construiu na página de forma tão bonita. As palavras de Emily Dickinson e as de Terence de alguma forma se encaixam para criar um inebriante elixir. Quando terminei de ler o roteiro, eu sabia que era uma história da qual eu simplesmente precisava participar”.

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